segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Uma Odisseia no Espaço - Parte 1

                              Um universo repleto de foguetes e conhecimento:                                   primeiras pesquisas, observações e leituras

Relatório Semestral do GREI 5A - 
Profas. Debora França - Suiany Sousa (Sol) -  Tuanny Fernandes


“Brincar é a mais elevada forma de pesquisa”
(Albert Einstein)

Em 20 de julho de 1969, exatamente às 23 horas, 56 minutos e 20 segundos, o astronauta americano Neil Armstrong, 38 anos, entrava para a história como o primeiro homem a pisar na lua e avistar a terra de lá. A princípio esse tema pode parecer um pouco longe da realidade das crianças da Educação Infantil, porém em nossa turma, um grupo de 5 anos, estudar esse assunto de forma lúdica foi um sucesso! Sobre o ensino de ciências na Educação Infantil, Arce (2011) nos diz:
[...] o trabalho do professor com ciências, seja um trabalho de ensino, que objetiva a construção de uma relação racional com o mundo sensível, que possibilite apreender, compreender o conhecimento acumulado pela humanidade a respeito do mundo que vivemos. (ARCE, 2011, p.83-84)

Visto que esse fato histórico, como o próprio Neil disse foi “um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade”, começamos a pesquisar no acervo da escola e em acervos pessoais, livros que aludissem à temática proposta. Estes se tornaram incríveis parceiros nessa nossa história, pois através deles conseguimos abordar o tema de forma mais lúdica e didática criando momentos prazerosos de contação de histórias que aumentaram a curiosidade das crianças sobre o assunto. Um dos primeiros livros que marcaram esse primeiro momento de descoberta foi “Uma viagem à Lua” de Mary França e Eliardo França. 

O livro narra uma viagem até a Lua recheada de aventuras e descobertas sobre o espaço sideral, mostrando como é o foguete por dentro, o que despertou o interesse do grupo pela construção de um foguete e de um painel de controle. No fim, uma série de ilustrações com fotografias reais do universo incrementaram este momento inicial de desbravamento do espaço, abrindo caminho para novas leituras.  

A citada obra de Mary França nos impulsionou a trabalhar com a proposta do desenho de observação. Trouxemos imagens reais da Lua e suas crateras, e do planeta Terra – tanto impressas como no data show. Entendemos que o desenho de observação não deve ser uma cópia da realidade, mas sim um desafio para que cada criança desenvolva sua autonomia e expresse de forma particular o que está sendo observado. Algumas crianças decidiram representar a Lua, outas o Planeta Terra, e assim surgiu nosso primeiro mural contendo nossas primeiras pesquisas.  Essas produções puderam ser vistas logo nas primeiras semanas do ano, em exposição no mural principal da escola.


Outras leituras foram surgindo e através de pesquisas,  vídeos e documentário todos ficaram sabendo como o foguete sobe, o que faz com que ele pare no ar, como os astronautas se aliviam no espaço, qual é a alimentação de quem viaja pelo espaço, como se preparam para isso e muito mais. Um dos vídeos mais marcantes foi o documentário intitulado “One strange rock” do Netflix, no qual eles se mostraram muito envolvidos ao verem imagens reais do espaço, com explicações e falas de oito astronautas da NASA. Essa experiência nos mostrou que a criança pode aprender e se interessar por mídias além dos desenhos animados habituais. Muitas curiosidades sobre o dia a dia de um astronauta foram reveladas. Os pequenos descobriram também que existem astronautas brasileiros, como o Marcos Pontes e é claro, que o homem já foi a lua, não só uma vez. Uma de nossas alunas, durante a criação do seu desenho da Lua, veio bastante feliz mostrar que ela tinha feito uma astronauta mulher, o que nos fez pesquisar sobre astronautas mulheres e negros, nos inserindo também na temática da representatividade e a partir daí descobrimos em uma pesquisa a história de uma brasileira, moradora da Baixada Fluminense e estudante da UFRJ, convidada a realizar um estágio na NASA. Com isso, outras produções artísticas surgiram, mostrando que todos podemos alcançar as estrelas.


Durante nossas rodas de conversas, as crianças relataram em texto coletivo como foram nossas primeiras vivências:

No primeiro dia de aula a sala estava vazia e as professoras disseram que a gente ainda ia construir tudo.
Começamos a estudar sobre astronautas, planeta terra, lua e foguetes. Todos deram ideias e sugestões para a sala como: foguete, pisca-pisca, painel de controle. Lemos muitos livros sobre o espaço. A tia pegou coisas emprestadas sobre astronautas.
A gente fez uma experiência sobre meteoros. O meteoro que caiu na lua formou um buraco que é a cratera. Aprendemos que o astronauta já voou pra lua e que tem buraco negro no espaço.
No carnaval teve o Bloco do Espaço Sideral com roupas de astronautas e de estrela. Vimos que os astronautas tem que usar uma roupa para se proteger e conseguir respirar. A roupa é branca para flutuar e tem capacete.
                                                    (Trecho de texto coletivo no Blocão)

Então, propusemos às crianças usar o que aprendemos e produzimos para transformar um canto da nossa sala em um pedaço do espaço sideral. O ambiente foi, aos poucos, se tornando um pequeno centro de investigação sobre foguetes. Nesse canto, de acordo com as crianças, precisava ter estrelas no teto, foguete de papelão e o painel de controle com muitos botões. Em rodas de conversa, as crianças discutiam as funções dos botões, suas cores e luzes. Comparavam imagens vistas em livros e quando em algum vídeo mostrava o painel de controle, alguém sempre comentava:

“Temos que colocar estrelas e lua no teto” (Anna)
“Fazer uma festa no espaço e chamar os pais” (Jeniffer)
“Usar papelão para fazer um foguete” (Esther)
“Pintar a parede de preto e colar desenhos de planetas” (Jeniffer)
“Podia comprar luzes coloridas” (Esther)
“Ter um painel de controle com botões e volante” (Antonio)
“Nave de brinquedo e isopor”(Jeniffer)
“Fazer roupa de astronautas de caixa” (Anabela)

Aos poucos, a nossa sala foi se transformando, se ambientando aos protagonistas desse espaço, por eles e para eles. Em vez de teto e paredes, um céu cheio de planetas e estrelas. Rolo de papel virou foguete supersônico. Brincadeiras cotidianas se uniram a pesquisa e investigações científicas. E, onde havia crianças, surgiram astronautas prontos para aventuras. Segundo Tiriba (2008, p.38), “do ponto de vista das crianças, não importa que a escola seja um direito, importa que seja agradável, interessante, instigante, que seja um lugar para onde elas desejem retornar sempre”.
Acreditamos que a estética e a ambientação da sala de aula são muito importantes e tem uma considerável influência no comportamento e nas atitudes das crianças e das próprias professoras. Como o planejamento é flexível, a organização do espaço também pode ser. Por isso revisamos e observamos a movimentação das crianças pelos cantos da sala, suas sugestões e, devido a isso, nosso espaço já sofreu várias intervenções e modificações.
A construção do nosso canto do astronauta contou com a confecção de um tapete utilizado para a delimitação do espaço. No início esse canto ficava de um lado da sala, e foi mudado posteriormente para o outro lado da sala com o objetivo de conseguir uma maior visibilidade para o canto. Notamos com essa mudança uma maior interação das crianças com os objetos e livros expostos, principalmente com a chegada do painel de controle que trouxe um novo encantamento para o ambiente. Para tanto, de acordo com Tiriba (2008):
Por fim, será necessário buscar a parceria das crianças nas decisões sobre a organização e na decoração da escola, pois, se as crianças são sujeitos de conhecimento e também de desejo, se crescem e modificam seus interesses e possibilidades, também os espaços podem ser por elas permanentemente modificados. (Tiriba, 2008, p.43)

             A influência das crianças para confecção do canto do astronauta se via através da chegada de materiais recicláveis, para a construção desse espaço, num movimento que envolveu as famílias e os alunos sem que tivéssemos requisitado. Com esse movimento inicial, fomos percebendo que as crianças tinham descoberto muitas coisas e passaram a ter preocupações científicas e tecnológicas, como a função real do painel de controle e o local que seria reservado para o combustível, por exemplo. Com tanto aprendizado, a meninada já estava quase pronta para construir o próprio foguete. 



Tá curioso pra saber como termina essa viagem? 
Em breve, novas notícias, direto do espaço sideral!!

9 comentários:

  1. Alba Valéria do Amaral5 de agosto de 2019 às 17:15

    Meu Deus, que lindeza de relato!!!! O mais bonito de tudo é ver que houve alegria nesse processo, tanto das crianças e muito mais das professoras, autoras... Parabéns pelo lindo trabalho! Débora, Sol Tuany e toda turma 5A! ❤��

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  2. Parabéns a todas as professoras !! Tudo feito com capricho

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  3. Que lindo trabalho!! 👏👏👏👏👏

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  4. Parabéns pela iniciativa e por ter compartilhado essa incrível experiência conosco.

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  5. Parabéns pela iniciativa e por ter compartilhado essa incrível experiência conosco.

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  6. Parabéns pelo trabalho! Muito lindo e muito amor envolvido! Adorei! Aprendizado com prazer.

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  7. Amei o projeto, o relato... Incrível como esse trabalho transbordou amor. Parabéns a todos os envolvidos.

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  8. Luci Maria Dornelles, 24 de março de 2021 22:32
    Parabéns pelo lindo trabalho! Esse trabalho só foi possível porque houve uma interação entre professores e alunos.

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