segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Quando a alimentação vira tema de estudo


Alimentação Saudável

Trecho do Relatório Semestral do GREI 4A
Profas. Mariana Soler e Jessica Dantas

A proposta para o GREI 4A em 2019, inicialmente, foi trazer a alimentação saudável como “eixo” principal de nossos estudos, já que o interesse das crianças, desde o primeiro dia de aula, sempre foi ligado à alimentação e a culinária. Sendo assim, utilizamos a literatura da Tatiana Belinky – autora que inspira o trabalho com leitura literária na Escola, em 2019.  O poema Botânica encontrado em um livro de poemas organizado pela autora foi o início de tudo. Esse poema fala sobre árvores frutíferas, frutas e legumes e foi a partir dessa leitura que começamos a trazê-los para observação e degustação. 
  

O primeiro alimento saudável trazido para ser estudado em sala de aula foi uma fruta muito conhecida das crianças, a laranja. As atividades que desenvolvemos a partir da observação contribuíram na construção de muitos conceitos como: cores, aspecto, sabor, contagem (relação número e quantidade). Logo depois apresentamos outros alimentos como abacate, limão e rabanete, sempre ligados à literatura da Tatiana Belinky e buscando informá-los sobre seus nutrientes e sua importância em nossa alimentação.

A valorização dos alimentos, sua beleza, cor e sabor tem nos acompanhado desde o início. Notamos a preferência do grupo por frutas. Eles são apaixonados por quase todas as frutas, o que nos inspirou a fazer um piquenique das frutas preferidas do grupo. Essa atividade foi muito significativa e o grupo amou. Alguns provaram frutas que ainda não havia  experimentado e, a partilha foi uma boa experiência, já que eles mesmos trouxeram as frutas para dividir com os amigos. Além dessa vivência realizamos algumas outras atividades de culinária, como o sacolé de abacate e a degustação do rabanete. 

Outro passo foi o desafio que lançamos para as famílias, que consiste em contribuir com um elemento ligado a algo que estamos estudando, como folhas de árvores frutíferas, frutas, imagens relacionadas ao assunto abordado, entre outros. Assim, partimos para a arte e construímos uma árvore “multifrutífera”, fizemos quadros com elementos naturais, nosso autorretrato e estamos montando nosso alfabetário, dentre outras atividades.

Mas isto foi só o começo, temos muitas outras vivências programadas ainda para esse ano!

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Brincadeiras Africanas


Você conhece a Mancala?

Trecho do Relatório Semestral do GREI 5B
Profas. Roberta Vilela e Cristiane Nascimento

Dando continuidade ao trabalho iniciado em 2018, com este mesmo grupo de referência, optamos explorar a temática  africana, tendo como foco  as contribuições da cultura afro descendente e suas influências na formação da nossa própria cultura. Neste relato, optamos por apresentar uma pequena parte do que representou este assunto durante o primeiro semestre deste ano. 

Através da leitura de livros como: Irmã Estrela, de Alain Mabanckou e Judith Gueyfier e Ndule Ndule, de Rogério Andrade Barbosa conseguimos explorar após  várias pesquisas com as crianças, duas brincadeiras africanas e suas múltiplas linguagens. 

A primeira foi a Mancala, que é um jogo ancestral e sua provável origem encontra-se no continente africano. O objetivo do jogo é trabalhar a linguagem lógica-matemática como no xadrez e na dama. Para o tabuleiro utilizamos uma caixa de ovo e 48 pedrinhas . Tais pedras foram recolhidas pelas próprias crianças no pátio externo enquanto brincavam.  

Assim, apresentamos as regras do jogo e de acordo com o entendimento das crianças fomos jogando. Colocamos a Mancala junto com os demais jogos da sala e quando as crianças queriam brincar estávamos à disposição para ajudá-las. 






A outra brincadeira foi a Amarelinha Africana, que diferente da nossa tradicional amarelinha, não usa uma pedrinha, céu ou inferno e a forma como é desenhada muda o seu objetivo, acentuando o caráter cooperativo.  Não é uma brincadeira de competição, não há perdedores, e utiliza música.

Na África existe festivais dessa amarelinha, cada grupo cria a sua coreografia e escolhe a música. Fizemos a primeira  amarelinha na sala com fita crepe e escolhemos a música “Amina Tole” que é uma das músicas africanas que mais ouvimos em sala. As crianças gostaram bastante e enquanto brincavam, estávamos trabalhando lateralidade, noção de tempo e espaço, ritmo e cooperação. 

Muitas interações foram possíveis a partir destas brincadeiras, mas o mais incrível foi perceber que a cultura africana tem tantos aspectos interessantes, despertando nas crianças outros interesses e possibilidades de compreender o mundo.


















segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Uma Odisseia no Espaço - Parte 2

ENGENHARIA AEROESPACIAL: projetando um foguete
Relatório semestral - GREI 5A
Profas. Débora França - Suiany Souza (Sol) - Tuanny Fernandes

O que é um projeto de engenharia? O que faz um engenheiro? Como um engenheiro faz um foguete?
“É um desenho” (Anna)
“É pensar”. (Anabella)
“Engenheiro faz pesquisa”. (Lays)
“Engenheiro faz matemática”. (Antônio)
“Engenheiro faz faculdade”. (Kewynny)



Com a resposta a essas perguntas começamos a planejar como seria a construção de um foguete. Inicialmente registramos as falas no Blocão e trouxemos exemplos reais de projetos de engenharia, materiais que eram utilizados e introduzimos as unidades de medidas, propondo a cada um que imaginassem o tamanho de seu foguete.
Foi assim que começaram a colocar os projetos de engenharia no papel e a explorar diferentes formas, linhas, proporções e planos em suas produções. Além de pensarem sobre o tamanho, medida, altura do seu foguete... e assim a linguagem matemática foi tomando conta do espaço. Projetos prontos e o próximo passo foi listarmos o material necessário para construí-lo, onde e como. Passamos dias coletando material suficiente e as crianças demostravam estar ansiosas para o dia da execução do projeto chegar.

            Um de nossos alunos disse que “para o foguete ser grande, precisa de um espaço lá fora para construir”, mas como não seria possível construirmos um foguete que comportasse todas as crianças dentro, utilizamos o espaço da sala de aula mesmo para sua execução. Refletimos juntos sobre como o faríamos.

“Ele tem que ser meio redondo”. (Arthur Lima)
“Tem que construir ele em pé, reto”. (Ana Ketelly)
“Branco e preto”. (Bernardo)
“Tem um bico”. (Davi)
“Tem porta e asas”. (Arthur Ferreira)







A construção do nosso foguete foi uma grande novidade. Gerando expectativa e grande excitação das crianças que se envolveram totalmente no projeto. Uma problemática inicial surgiu: como seria a base para que o foguete ficasse em pé? Pensamos nas possibilidades até que vimos uma lixeira abandonada no parquinho e solicitamos ao seu Jorge que a higienizasse para nos servir de base. Problema inicial resolvido, partimos para a confecção. Conseguimos colar o papelão sobre a base do foguete, tornando-o o mais redondo possível. Colamos com fita e encapamos com cartolina branca e fizemos a faixa preta como pediram. Outro detalhe que causou bastante alvoroço foi a colagem do símbolo da NASA. Após alguns dias o foguete ficou pronto, entretanto surgiu um sentimento de frustração por parte dos alunos que esperavam que o foguete seria para embarque de todos, o que não foi possível. Explicamos que este seria apenas para tirarmos fotos e deixarmos exposto. Após este momento, as crianças pegaram os objetos de medidas (metro, trena, fita métrica, etc.) e puseram-se a medir o foguete, depois mediram e compararam seus tamanhos em relação ao foguete e entre eles mesmos. Essa medição se estendeu para vários objetos e móveis da sala.

A construção do foguete foi apenas mais uma das muitas possibilidades de aprendizagens que este assunto suscitou em nosso grupo de referência. Curiosidades e conhecimentos  sobre as fases da lua, as constelações e os planetas foram outras maravilhosas descobertas que fizemos ao longo do semestre!







segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Uma Odisseia no Espaço - Parte 1

                              Um universo repleto de foguetes e conhecimento:                                   primeiras pesquisas, observações e leituras

Relatório Semestral do GREI 5A - 
Profas. Debora França - Suiany Sousa (Sol) -  Tuanny Fernandes


“Brincar é a mais elevada forma de pesquisa”
(Albert Einstein)

Em 20 de julho de 1969, exatamente às 23 horas, 56 minutos e 20 segundos, o astronauta americano Neil Armstrong, 38 anos, entrava para a história como o primeiro homem a pisar na lua e avistar a terra de lá. A princípio esse tema pode parecer um pouco longe da realidade das crianças da Educação Infantil, porém em nossa turma, um grupo de 5 anos, estudar esse assunto de forma lúdica foi um sucesso! Sobre o ensino de ciências na Educação Infantil, Arce (2011) nos diz:
[...] o trabalho do professor com ciências, seja um trabalho de ensino, que objetiva a construção de uma relação racional com o mundo sensível, que possibilite apreender, compreender o conhecimento acumulado pela humanidade a respeito do mundo que vivemos. (ARCE, 2011, p.83-84)

Visto que esse fato histórico, como o próprio Neil disse foi “um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade”, começamos a pesquisar no acervo da escola e em acervos pessoais, livros que aludissem à temática proposta. Estes se tornaram incríveis parceiros nessa nossa história, pois através deles conseguimos abordar o tema de forma mais lúdica e didática criando momentos prazerosos de contação de histórias que aumentaram a curiosidade das crianças sobre o assunto. Um dos primeiros livros que marcaram esse primeiro momento de descoberta foi “Uma viagem à Lua” de Mary França e Eliardo França. 

O livro narra uma viagem até a Lua recheada de aventuras e descobertas sobre o espaço sideral, mostrando como é o foguete por dentro, o que despertou o interesse do grupo pela construção de um foguete e de um painel de controle. No fim, uma série de ilustrações com fotografias reais do universo incrementaram este momento inicial de desbravamento do espaço, abrindo caminho para novas leituras.  

A citada obra de Mary França nos impulsionou a trabalhar com a proposta do desenho de observação. Trouxemos imagens reais da Lua e suas crateras, e do planeta Terra – tanto impressas como no data show. Entendemos que o desenho de observação não deve ser uma cópia da realidade, mas sim um desafio para que cada criança desenvolva sua autonomia e expresse de forma particular o que está sendo observado. Algumas crianças decidiram representar a Lua, outas o Planeta Terra, e assim surgiu nosso primeiro mural contendo nossas primeiras pesquisas.  Essas produções puderam ser vistas logo nas primeiras semanas do ano, em exposição no mural principal da escola.


Outras leituras foram surgindo e através de pesquisas,  vídeos e documentário todos ficaram sabendo como o foguete sobe, o que faz com que ele pare no ar, como os astronautas se aliviam no espaço, qual é a alimentação de quem viaja pelo espaço, como se preparam para isso e muito mais. Um dos vídeos mais marcantes foi o documentário intitulado “One strange rock” do Netflix, no qual eles se mostraram muito envolvidos ao verem imagens reais do espaço, com explicações e falas de oito astronautas da NASA. Essa experiência nos mostrou que a criança pode aprender e se interessar por mídias além dos desenhos animados habituais. Muitas curiosidades sobre o dia a dia de um astronauta foram reveladas. Os pequenos descobriram também que existem astronautas brasileiros, como o Marcos Pontes e é claro, que o homem já foi a lua, não só uma vez. Uma de nossas alunas, durante a criação do seu desenho da Lua, veio bastante feliz mostrar que ela tinha feito uma astronauta mulher, o que nos fez pesquisar sobre astronautas mulheres e negros, nos inserindo também na temática da representatividade e a partir daí descobrimos em uma pesquisa a história de uma brasileira, moradora da Baixada Fluminense e estudante da UFRJ, convidada a realizar um estágio na NASA. Com isso, outras produções artísticas surgiram, mostrando que todos podemos alcançar as estrelas.


Durante nossas rodas de conversas, as crianças relataram em texto coletivo como foram nossas primeiras vivências:

No primeiro dia de aula a sala estava vazia e as professoras disseram que a gente ainda ia construir tudo.
Começamos a estudar sobre astronautas, planeta terra, lua e foguetes. Todos deram ideias e sugestões para a sala como: foguete, pisca-pisca, painel de controle. Lemos muitos livros sobre o espaço. A tia pegou coisas emprestadas sobre astronautas.
A gente fez uma experiência sobre meteoros. O meteoro que caiu na lua formou um buraco que é a cratera. Aprendemos que o astronauta já voou pra lua e que tem buraco negro no espaço.
No carnaval teve o Bloco do Espaço Sideral com roupas de astronautas e de estrela. Vimos que os astronautas tem que usar uma roupa para se proteger e conseguir respirar. A roupa é branca para flutuar e tem capacete.
                                                    (Trecho de texto coletivo no Blocão)

Então, propusemos às crianças usar o que aprendemos e produzimos para transformar um canto da nossa sala em um pedaço do espaço sideral. O ambiente foi, aos poucos, se tornando um pequeno centro de investigação sobre foguetes. Nesse canto, de acordo com as crianças, precisava ter estrelas no teto, foguete de papelão e o painel de controle com muitos botões. Em rodas de conversa, as crianças discutiam as funções dos botões, suas cores e luzes. Comparavam imagens vistas em livros e quando em algum vídeo mostrava o painel de controle, alguém sempre comentava:

“Temos que colocar estrelas e lua no teto” (Anna)
“Fazer uma festa no espaço e chamar os pais” (Jeniffer)
“Usar papelão para fazer um foguete” (Esther)
“Pintar a parede de preto e colar desenhos de planetas” (Jeniffer)
“Podia comprar luzes coloridas” (Esther)
“Ter um painel de controle com botões e volante” (Antonio)
“Nave de brinquedo e isopor”(Jeniffer)
“Fazer roupa de astronautas de caixa” (Anabela)

Aos poucos, a nossa sala foi se transformando, se ambientando aos protagonistas desse espaço, por eles e para eles. Em vez de teto e paredes, um céu cheio de planetas e estrelas. Rolo de papel virou foguete supersônico. Brincadeiras cotidianas se uniram a pesquisa e investigações científicas. E, onde havia crianças, surgiram astronautas prontos para aventuras. Segundo Tiriba (2008, p.38), “do ponto de vista das crianças, não importa que a escola seja um direito, importa que seja agradável, interessante, instigante, que seja um lugar para onde elas desejem retornar sempre”.
Acreditamos que a estética e a ambientação da sala de aula são muito importantes e tem uma considerável influência no comportamento e nas atitudes das crianças e das próprias professoras. Como o planejamento é flexível, a organização do espaço também pode ser. Por isso revisamos e observamos a movimentação das crianças pelos cantos da sala, suas sugestões e, devido a isso, nosso espaço já sofreu várias intervenções e modificações.
A construção do nosso canto do astronauta contou com a confecção de um tapete utilizado para a delimitação do espaço. No início esse canto ficava de um lado da sala, e foi mudado posteriormente para o outro lado da sala com o objetivo de conseguir uma maior visibilidade para o canto. Notamos com essa mudança uma maior interação das crianças com os objetos e livros expostos, principalmente com a chegada do painel de controle que trouxe um novo encantamento para o ambiente. Para tanto, de acordo com Tiriba (2008):
Por fim, será necessário buscar a parceria das crianças nas decisões sobre a organização e na decoração da escola, pois, se as crianças são sujeitos de conhecimento e também de desejo, se crescem e modificam seus interesses e possibilidades, também os espaços podem ser por elas permanentemente modificados. (Tiriba, 2008, p.43)

             A influência das crianças para confecção do canto do astronauta se via através da chegada de materiais recicláveis, para a construção desse espaço, num movimento que envolveu as famílias e os alunos sem que tivéssemos requisitado. Com esse movimento inicial, fomos percebendo que as crianças tinham descoberto muitas coisas e passaram a ter preocupações científicas e tecnológicas, como a função real do painel de controle e o local que seria reservado para o combustível, por exemplo. Com tanto aprendizado, a meninada já estava quase pronta para construir o próprio foguete. 



Tá curioso pra saber como termina essa viagem? 
Em breve, novas notícias, direto do espaço sideral!!