sábado, 18 de maio de 2019

Soneto XXXVIII


Quando a chuva cessava e um vento frio
franzia a tarde tímida lavada,
eu saía para brincar, pela calçada,
nos meus tempos felizes de menino.

Fazia, de papel, toda uma armada
e estendendo o meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino
ao longo das sarjetas, na enxurrada...

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles
Que não são barcos de ouro os meus ideais:
são de papel, são como aqueles,

perfeitamente iguais...
Que meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais!
                                                   Guilherme de Almeida

2 comentários:

  1. A Rosalda Paim é privilegiada por suas poças generosas e corajosas moças criativas. Saudades!

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  2. Lilian Garcia, você continua nos inspirando... Um beijo! Leda Marina

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