sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Alimentação: mais que nutrição, uma possibilidade de encontro com a PALAVRA escrita!

Sacola Ambulante: entre sabores e letras 

O tema da alimentação sempre rodeia as ações pedagógicas na UMEI Rosalda Paim, seja no processo de inserção das crianças, na conversa com os pais ou mesmo a partir das curiosidades que vão surgindo nos grupos de referência. No GREI 5B não foi diferente. 

No primeiro trimestre de trabalho, as crianças já foram dando pistas sobre como a temática seria inserida no cotidiano. Brincantes, usaram panelinhas e matinhos para fazer de conta que estavam cozinhando e cuidando da família. Usando a imaginação, criaram vários pratos e serviram petiscos deliciosos!

A partir da observação dos professores, o assunto foi ganhando espaço na sala de aula e muitas ações e atividades foram planejadas. Uma das primeiras atividades foi a construção de uma pirâmide alimentar. Daí surgiu a discussão sobre bons e maus alimentos. Então, a seguir as professoras iniciaram uma degustação de frutas e legumes pouco conhecidos  das crianças. Receitas coletivas também foram feitas: teve o dia do sorvete de beterraba, o bolo de banana e muitos outros.

Tarsila do Amaral ficou conhecida pelas obras O mamoeiro e O vendedor de frutas. Pomar  foi uma das canções do Palavra Cantada mais ouvidas no grupo. E o Abcedário poético de frutas de Roseana Murray inspirou a escrita de um alfabetário de frutas da própria turma. 

São essas e outras atividades que de forma encadeada deram início ao vai-e-vem da Sacola Ambulante. Como o nome sugere trata-se  de uma sacola que a cada semana é sorteada para uma criança. Nela, há uma receitinha saudável, alguns dos ingredientes e uma tarefa a ser realizada com a família: a leitura da receita, o preparo e a escrita sobre a experiência. O intuito inicial  foi envolver a família na vida escolar das crianças, mas um outro objetivo se apresentou como fundamental,  dar sentido ao processo de leitura e escrita no qual as crianças da educação infantil estão inseridas. 

Boas práticas de leitura na educação infantil "existem  onde a leitura e a escrita acontecem em situações reais e significativas, isto é, que estejam inseridas em práticas sociais, em situações interativas" (Corsino, Patrícia e Nunes Fernanda, 2019). Essa etapa da educação básica  não se constitui como um período preparatório para  a alfabetização, mas não podemos furtar as crianças de ampliar seu repertório oral e escrito, oferecendo a ela diversas possibilidades de experiência com a leitura e a escrita. Uma alfabetização que se proponha discursiva precisa compreender que todas as possibilidades devem e podem ser exploradas. Ouvir as crianças, dar voz a sua palavra, ser seu escriba, promover a leitura de diferentes gêneros textuais entre outras ações pedagógicas fazem parte de uma perspectiva de alfabetização e letramento na educação infantil.




































Os depoimentos dos pais nos contam sobre  a euforia das crianças quando sorteadas, do comprometimento em realizar a receita, da preocupação em participar de todos os processos, inclusive aqueles que envolviam cortes, utilizando com todo o cuidado a faca. 

Outro destaque é a participação da família, mães, pais, irmãos, todos contribuindo com  a leitura da receita, o preparo e o registro escrito. 
A proposta  ganha sentido porque tem significado na vida cotidiana, na qual a palavra se oferece enquanto mediadora das relações familiares.

Dessa forma, a educação infantil vai se constituindo como uma grande possibilidade de inserção no mundo escrito, tendo como princípio  "que é por meio da linguagem que se constituem os sujeitos e as relações sociais, e também áreas de conhecimentos, esferas sociais e linguagens sociais de várias naturezas", como salientou Goulart (2019) ao citar Bakhtin (1998).




Nenhum comentário:

Postar um comentário